Pazuello queria mais vacinas da Davati no 2º semestre, diz representante em mensagens

 

O ex-ministro da Saúde e general da ativa Eduardo Pazuello demonstrou interesse em adquirir lotes de vacinas contra a Covid-19 oferecidas pela Davati Medical Supply, para abastecer o Programa Nacional de Imunização no segundo semestre de 2021.

 

As informações são de uma reportagem exclusiva do UOL, que teve acesso a conversas de WhatsApp do representante da empresa no Brasil, o policial militar Luiz Paulo Dominghetti, com seu pai, em 23 fevereiro deste ano, data em que o policial afirma ter participado de reuniões no Ministério da Saúde.

 

Em fevereiro, a Davati tentava negociar uma venda de 400 milhões de doses da AstraZeneca/Oxford com o governo federal, mas a negociação não andou depois que um suposto pedido de propina do então diretor de Logística da Pasta, Roberto Ferreira Dias, foi descoberto.

 

Em conversa por mensagens de texto com seu pai, Paulo César Pereira, o policial militar representante da Davati Luiz Paulo Dominghetti diz: “Já está fechado. Agora e o trâmites burocráticos (sic)”.

 

Seu pai comemora o suposto sucesso do filho com as possíveis vendas de vacinas: “Excelente, você é 10. Parabéns! Depois me dê detalhes. Estou muito contente”, disse Dominghetti.

 

Duas horas depois, seu pai lhe envia mensagens querendo saber se deu tudo certo com a negociação, ao que Dominghetti responde: “Fui chamado pelo ministro Pazuello”. E ele explica ao pai que era para tratar da encomenda de mais doses para o segundo semestre.

 

Os dois comemoram o suposto sucesso que Dominghetti teria com as vendas. “Parece que é só você que vende. Brasília é outro mund$”, diz o pai de Dominghetti. “Acho que gostaram do praça aqui”, diz o representante, e seu pais reponde novamente: “Isso é muito bom, vai abrir muitas portas. Logo você vai comprar uma lancha para por lá no lago Paranoá. É o Rei das Vacinas”.

 

Dois dias depois, eles voltam a trocar mensagens e Dominghetti diz ao pai que tinha “melhores expectativas” quanto ao fechamento do negócio. Em 24 de fevereiro, Dominghetti se reuniu com outros potenciais compradores e, no dia 25, aconteceu a reunião entre o representante da Davati e o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias.

 

Durante esse encontro é que Dominghetti ouviu o pedido de propina de US$ 1 por dose, que teria sido negado. Mais tarde, após o jantar, o representante da Davatti diz: “Ministério é nosso. 500 milhões. Doses. Acabamos de doar 20 milhões de seringas. Ganhei um passaporte diplomático da ONU”. Seu pai responde: “Doou para o governo. Passaporte putz! Você tá que tá”.

 

No dia 26 de fevereiro, Dominghetti voltou ao Ministério da Saúde para uma nova reunião com Dias. A proposta levada por ele ao Ministério era de US$ 3,50 por dose de vacina, sem o acréscimo de US$ 1. Ele ainda tinha esperanças de que o negócio fosse ser fechado, mas Dias pediu uma documentação complementar que ele não tinha no momento.

 

As negociações ainda continuaram pelos próximos dias, dessa vez com a intermediação do reverendo Amilton Gomes de Paula. Mas o negócio não chegou a ser fechado.

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